terça-feira, maio 02, 2006

"Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,


Ondula como um canto de ave
o ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.


Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida.


Ah, canta, canta sem razão !
O que em mim sente 'stá pensando.
Derrama no meu coração a tua incerta voz ondeando !


Ah, poder ser tu, sendo eu !
Ter a tua alegre inconsciência,
E a consciência disso ! Ó céu !
Ó campo ! Ó canção ! A ciência


Pesa tanto e a vida é tão breve !
Entrai por mim dentro !
Tornai Minha alma a vossa sombra leve !
Depois, levando-me, passai !"


a consciência é simplesmente isto...

Consciencia

Teus olhos, que reflectem a aura ao amanhecer, vivem, olham, miram, ficando depois cansados. Mais tarde ficarão dislumbrados com a luz do amanhecer. Pensando que a podem tocar morrerão, por tentarem ter chegado demasiado perto. Desta morte aprendemos que existem mistérios que necessitam de permanecer mistérios para conseguirmos sobreviver. Por mais longo que tenha sido o caminho espiritual que tenhamos percorrido, ainda não temos forças, nem conhecimentos suficientes para sermos defrontados com determinadas verdades.
O Sol, astro que emana a luz que revela o dia, obtém as suas partículas de fontes cientificamente provadas, e comprovadas. Mas a sua essência provem de sítios com origens desconhecidas, que se revelam a cada alma de modo diferente. Sentimo-nos submersos e assolados por eles quando não estamos preparados a ver o que nos está a mostrar.
A vida é assim, por vezes é tão intensa que não conseguimos apreciá-la de modo correcto, se é que este modo existe de uma forma definida. Por outras e especialmente se não lhe prestarmos a atenção que ela merece, esconde-se e permanece nas sombras para nos recordar muitas vezes de modo bastante cruel que ainda existe.